09 mar Mulheres no comando: os resultados de uma gestão feminina
A partir de 1960, as mulheres passaram a assumir status de trabalhadoras assalariadas, desenvolvendo atividades além das domésticas, recebendo remuneração pelas tarefas exercidas e aumentando a participação feminina no mercado de trabalho. Aumento esse, ocasionado não só pela expansão do mundo do trabalho, mas também pelas mudanças culturais e o aumento do nível feminino de escolaridade.
O crescimento da presença feminina em postos de trabalhos remunerados propiciou o aumento de novas oportunidades profissionais para as mulheres. O aparecimento da diversidade de gêneros no quadro de talentos, além da participação feminina em cargos executivos e de liderança, geraram uma grande transformação na estrutura administrativa das organizações.
A jornada da mulher no mercado de trabalho evidencia um rompimento com os modelos tradicionais de gestão, constituindo novas formas de liderar e administrar, consolidando um suposto estilo feminino para tal. Estilo esse que se caracteriza pela maior participação da gestão junto à equipe, onde o poder de decisão e as informações são compartilhadas com os colaboradores, além do manejo da autoestima dos profissionais.
As mulheres adotam um estilo de gestão mais democrático, liderando através da inclusão e fazendo uso de seu carisma, experiência, contatos e habilidades interpessoais para influenciar os demais, enquanto os homens se sentem mais à vontade para reproduzir um estilo mais diretivo de comando e controle, fazendo uso da autoridade.
Com o desenvolvimento do mercado, diversas organizações vêm aumentando as oportunidades para a participação feminina em cargos considerados masculinos, como de gerência, diretoria e presidência.
Existem estudos que comprovam diferenças consideráveis no estilo masculino e feminino de liderar, isso porque homens e mulheres possuem características diferentes, logo, assumindo posturas diferentes. As mulheres se posicionam com um estilo mais voltado ao relacionamento interpessoal, com foco no apoio e no desenvolvimento de seus colaboradores.
As diferenças entre homens e mulheres em relação às características, comportamentos, valores e princípios morais guiam o sexo feminino à um tipo de gestão considerada mais flexível, distinto da tradicional burocrática, concedendo assim, maior valorização dos profissionais enquanto seres humanos, além de levar em consideração suas habilidades e valores individuais.
Entretanto, o acesso da mulher a cargos que demandam poder de decisão e liderança, trazem para esta o dilema na formação de uma nova identidade, ficando dividida entre a feminilidade absorvida pela educação e o padrão masculino presente e majoritário nas organizações em geral.
A formação dessa identidade se dá de acordo com as características culturais do ambiente de trabalho, que devido aos valores e pressupostos masculinos enraizados, pode ocorrer a chamada masculinização do estilo feminino de gerenciar. Ou seja, as mulheres passariam a adotar comportamentos mais rígidos e autoritários.
Em relação à essência do estilo de gestão, as mulheres conseguem ser mais flexíveis na adaptação do seu comportamento em situações diversas. Apresentam ter mais paciência, são mais objetivas e persistentes, adotando um estilo mais democrático na liderança. Enquanto os homens tendem a estabelecer a comunicação ressaltando seu status com foco no que é dito exatamente, as mulheres parecem estar mais preocupadas em fazer algo útil e importante, e possuem maior facilidade de perceber a mensagem em discursos mais sutis.
A liderança feminina trás ênfase no respeito ao outro e no trabalho desenvolvido pelos demais colegas de trabalho. Essa consideração dos colegas ao redor, auxilia na tomada de decisões, pois são decididas em conjunto com a equipe, avaliando os diversos pontos de vista e alcançando os melhores resultados possíveis.
O foco principal da gestão feminina não é demonstrar poder, pois ele já é natural do cargo que as mulheres exercem. O foco está em conquistar a equipe, valorizar e reconhecer o trabalho desenvolvido pelos profissionais.
Conquistando a equipe pela valorização e reconhecimento, estes profissionais agora mais motivados podem atuar de maneira mais engajada, trazendo mais inovação e produtividade, atingindo maiores resultados à organização.
Referência: I. M. S. ARAÚJO, F. HEBER, K. BATISTA. MULHERES NO COMANDO: CARACTERÍSTICAS E SINGULARIDADES DA GESTÃO EXECUTIVA FEMININA. Gestão & Conexões – Management and Connections Journal, Vitória (ES), v. 9, n. 1, p. 73-98, jan./abr. 2020.
Autora do texto:
Jussara Doretto Benetti do Prado
Psicóloga CRP 08/25852
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