OS TRÊS RECURSOS IMPRESCINDÍVEIS PARA A AÇÃO

OS TRÊS RECURSOS IMPRESCINDÍVEIS PARA A AÇÃO

Se eu perguntar para vocês quais são os recursos necessários para a atuação em um nível profissional, a maioria das pessoas irá me falar sobre recursos materiais. No trabalho, necessitamos de um computador, cadeiras, mesas, local físico, máquinas, entre tantas outras coisas, de acordo com as características específicas de cada atividade. Em um nível pessoal, também seguiremos pela mesma linha: casa, roupa, televisão, sofá, livros, celular, um espaço físico para exercícios, uma caneca e um chopp para relaxar. Também não esqueceremos das pessoas que estão à nossa volta, para nos relacionarmos, fazer parcerias, prestar e receber apoio, etc.

Entretanto, julgo que existem três recursos principais para a nossa ação, sendo que dois deles não são físicos e o terceiro deles está deixando de ser, chegando já a um patamar também mais sutil, porém, ainda mais concreto que os primeiros. Prefiro chamá-los de ENERGIAS que podem nos levar à realização, quando bem aproveitados, e à frustração, quando desperdiçados.

A definição de energia que trago aqui é a capacidade de algo em gerar ação através da força em determinado corpo ou sistema. A palavra energia em sua etimologia vem do Grego “ergos” que significa literalmente trabalho. Ou seja, colocar algo em trabalho, ação, gerando um resultado, pois não podemos nunca nos esquecer que toda ação gera um resultado.

Assim, descreverei suscintamente os nossos três recursos, convidando-os à reflexão individual de como estão sendo utilizados no seu dia-a-dia.

1º DINHEIRO:

Qual é a definição do dinheiro? Em um nível concreto e material, ele é apenas um intermediário para conseguir outras coisas, não possuindo um significado em si mesmo. Entretanto, principalmente em nossa cultura, ele é uma poderosa força que pode determinar muitos caminhos, incluindo os rumos de nossa sociedade, bem como, de nossas vidas.

Portanto, o definimos aqui como um símbolo de energia que nos liga aos nossos desejos, não sendo uma matéria, mas, sim, uma energia de transação. Essa definição é muito importante pois, a partir do momento que identificamos o dinheiro como uma energia, percebemos que o importante não é o dinheiro em si, mas o que construímos com esse recurso, onde ele pode nos levar. É válido ressaltar que energia só é uma energia quando está em movimento. Assim, não podemos possuir uma energia, mas podemos utilizá-la de maneira apropriada e útil para chegar aos nossos objetivos.

Então, a análise fundamental é: como eu me relaciono com o dinheiro? Como uma posse? Um objeto que me pertence? Ou uma energia de realização? Um fluxo para atingir os meus objetivos? Com certeza, a sua maneira de se relacionar com esse recurso poderá te levar à realização ou à frustração. Como você está gastando seu dinheiro atualmente? Com objetos que lhe trazem satisfação imediata, para cumprir um padrão social, ou com alternativas relevantes que irão me trazer mais recursos para a minha realização?

 

2º DISPOSIÇÃO:

A disposição nada mais é que um estado físico, emocional e mental para a ação. Comumente, já chamamos a disposição de energia. “Estou com muita energia hoje! ” “Minha energia está muito baixa ultimamente. ” Apesar de identificarmos com muita facilidade a nossa disposição, temos uma dificuldade muito grande para controla-la, para utilizá-la adequadamente.

Isso ocorre porque não damos a ela a atenção devida. É possível sim estar mais disposto para as nossas atividades. Mas, para isso, exige-se um certo grau de autoconhecimento. É necessário identificar em que períodos me sinto mais disposto, quais são as atividades que me fazem sentir sem disposição, quais são os padrões que repito (por exemplo: domingo é dia de preguiça) e que me levam a ter mais ou menos disposição, quais são os meus ciclos diários, mensais, anuais, quais são minhas crenças emocionais que me dão menos disposição em algumas situações…e mais: eleger as prioridades.

Tendemos atualmente a sair fazendo muitas coisas ao mesmo tempo, colocando muitas informações em nosso cabeça, muitas expectativas em nossas costas. O interessante é que o outro significado da palavra disposição é dispor coisas, distribuir, organizar. Como você tem distribuído as suas atividades hoje? A distribuição dos nossos afazeres tem uma relação direta com a boa utilização da nossa disposição física, emocional e mental. Estou utilizando a minha disposição (ou energia) com questões significativas? Ou tenho me preocupado à toa? Me esforçado em coisas que não vão trazer nenhum resultado significativo? Para isso, prioridades e limites são fundamentais.

 

3º TEMPO

O tempo ainda é algo impossível de ser definido em nossa condição de consciência atual. Dentro das ciências, física, filosofia, entre tantas outras áreas do saber, existem dezenas de estudos e definições sobre o tempo. Até mesmo em um nível psicológico, temos a impressão de que ele pode se modificar de acordo com o momento que vivenciamos:  às vezes mais rápido, às vezes mais lento. O que sabemos de maneira concreta é que nossa vida possui como base essa dimensão, evento, energia ou como prefiram denominar, e que ele está passando sem que possamos ter controle algum.

A questão é que ele sempre está nos movendo a ações, mesmo que essa ação seja fazer nada. O momento anterior já passou e novos momentos se aproximam, com novos acontecimentos, novas decisões e novos resultados. Cada segundo que passa são decisões que tomamos: neste segundo escrever este texto, no próximo segundo tomar um café, no próximo segundo marcar uma reunião. O tempo não nos deixa inertes, tornando-nos mutáveis a todo momento. O tempo simplesmente nos obriga ao movimento, à ação.

Por isso a importância fundamental de saber utilizar o meu tempo de maneira inteligente. E o que isso significa? Significa estar a todo momento produzindo ações significativas, que vão me levar ao encontro dos meus objetivos. Limites e prioridades também se aplicam à boa administração do recurso tempo. É importante falar que ações significativas são muito subjetivas, pois não me prendo somente a questões padronizadas do que chamam de produtividade. Se para você, meditar trinta minutos ao dia é relevante para o seu objetivo de autoconhecimento, então deve fazê-lo. Prefiro falar sobre produtividade por um viés qualitativo, e não quantitativo. Como você tem utilizado o seu tempo atualmente?

 

Enfim, acredito que esses três recursos são de extrema importância e devem possuir uma maior atenção de nós. A maneira como os utilizamos será crucial para chegarmos (ou não) à nossa realização. Ainda, vale dizer que o dinheiro, a disposição e o tempo são recursos finitos, sendo que os dois primeiros podem ser alcançados novamente, enquanto o tempo é finito e sem possibilidades de reposição.

Seja sincero com você mesmo e identifique se você está realmente aplicando esses recursos naquilo que vale a pena. Saia do automático e sempre se pergunte: vale a minha disposição? Vale o investimento financeiro? Vale o tempo que irei gastar? Se a resposta for não para alguma dessas perguntas, simplesmente não faça. Não é fácil? Com certeza não. Para isso, precisamos quebrar muitos padrões que nos foram colocados ao longo de toda nossa vida. E mais: essa tarefa exige grande autopercepção e autoconhecimento, a fim de eleger as suas prioridades. Mas o que vale a sua realização?

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